William chegou ao programa de São Paulo com apenas 8 anos. Vindo de uma família humilde, afirma que além dos pratos de arroz, feijão, ovo cozido e, às vezes, beterraba, que sua mãe biológica preparava, não se lembra de muita coisa da sua infância. “A Aldeias Infantis foi tão boa para mim, que bloqueou tudo de ruim que eu passei antes dos 8 anos”, conta.
Durante uma visita da família Garavy, da Alemanha, ao programa de Rio Bonito, William, com 9 anos, foi indagado por Susanne Garavy, repórter na época, sobre qual era o seu maior sonho e com toda confiança do mundo o menino respondeu que iria ser médico.
Ao perceber a determinação e vontade do garoto, Susanne o apadrinhou e bancou seus estudos em uma escola particular na região, o estimulando ao dizer: “o que você aprende é o seu tesouro, então sempre busque conhecimento porque é algo que ninguém vai tirar de você”. E foi aqui que a primeira semente de superação aos desafios nasceu em William.
Com 15 anos, ele realizou um processo seletivo e foi selecionado para adquirir uma experiência internacional por meio de uma bolsa completa de ensino de inglês em País de Gales e se tornou aluno da Atlantic United World College por um curto período. Após o término deste curso, foi encaminhado a uma bolsa completa de 2 anos na Red Cross Nordic United World College, na Noruega.
Aos 17 anos conquistou uma oportunidade de jogar futebol para cursar medicina nos Estados Unidos, mas infelizmente o seu visto no passaporte não foi autorizado em tempo viável, e a oportunidade foi perdida.
Quando voltou para o Brasil ele já iria completar 18 anos, morou um tempo na rua até ser convidado pela tia da sua antiga mãe social, Liliana, a morar com eles. Na casa da tia Regina, como ele a chama, focou seus esforços para o seu futuro e com o apoio dela, que lembrava sempre que ele era capaz de trabalhar, estudar e não ficar para trás, conseguiu o seu primeiro emprego na Associação Vida Jovem.
Com o salário da Associação e com a ajuda da Dona Ingrid, funcionária do Vida Jovem, que sempre o incentivava dizendo que “trabalhar bastante enobrece o homem”, começou a custear as próprias dividas e tornou-se bolsistas no Centro Universitário São Camilo. Depois da graduação em enfermagem ganhou uma bolsa integral para especialização em enfermagem de Terapia Intensiva (UTI), por ser o melhor de sua turma.
“O meu perfil foi desenvolvido dentro da Aldeias Infantis SOS, com o estímulo da Susanne. Depois, quando eu sai, pela tia Regina, fechando com a Dona Ingrid. Eu juntei as dicas destas três mulheres: o estudo, não desistir e trabalhar bastante”, disse grato as mulheres que o incentivaram a ser quem ele é.
Atualmente, William atua no Hospital Beneficência Portuguesa, como enfermeiro intensivista adulto, é dono de 30% da Recanto dos Nobres, uma instituição lar para idosos, e é líder da Wida Idiomas. “Parte do meu ganho eu uso para apoiar os meus irmãos e irmãs que moraram comigo na Aldeias Infantis SOS, o que mais me agrada é motiva-los a continuar lutando, estudando e trabalhando”, conta.
Para dar um passo a mais, William pretendia apoiar pessoas que vivem em áreas de conflitos civis, “quero atuar em locais que precisem da experiência de um enfermeiro, educador e um amigo”. Ele alcançou esse sonho e agora faz parte do projeto Médicos Sem Fronteiras.