novembro 6 2017

Desafios Coletivos dos ODS

O debate abre caminho para a cooperação entre setores em busca da erradicação de todas as formas de violência contra crianças, adolescentes e jovens brasileiros

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Por Sérgio Andrade*

 
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são ainda mais abrangentes que os Objetivos do Milênio, pois incluem temas transversais, como pobreza, desigualdade, desenvolvimento econômico, clima, fortalecimento das instituições e segurança. Essa complexidade, por si só, já representa um árduo trabalho.

O Brasil alcançou progressos sociais, em especial no que se refere ao combate à  pobreza, pelos quais foi reconhecido pelas Nações Unidas como referência  internacional. Mas a média dos avanços ocultam índices de desempenho locais  desiguais. Por isso, o desafio que se coloca é a superação das desigualdades  regionais e intra-regionais.

Outro ponto é incentivar a regionalização (estados e municípios) de políticas, o que sempre foi muito tímida, mesmo sob a bandeira dos ODM. Historicamente, poucos foram os municípios que os utilizaram em seus planejamentos (PPA, LDO, LOA), fazendo com que as iniciativas fossem, muitas vezes, pontuais em políticas específicas, com destaque para a prática e não uma estratégia para alcançar determinada meta ou objetivo.

Da mesma forma, se mostra imprescindível rever o papel da sociedade civil, no acompanhamento das metas, na proposição de soluções e alternativas, atuando em instâncias de participação e controle social (conselhos, Legislativo, Ministério Público) para incidir em políticas públicas. Ao mesmo tempo, o setor privado precisa ir além de projetos isolados, calcados no simples alinhamento com os objetivos, e a romper o preconceito de trabalhar em conjunto com a sociedade civil e com os governos, na busca por soluções para um desenvolvimento sustentável.

Apesar das dificuldades para sua implementação, os ODS têm um grande poder de mobilização. É uma agenda positiva, de oportunidades, o que pode favorecer uma maior articulação entre os diferentes setores e forças políticas.

Mas é preciso enfrentar os desafios internos que se colocam no Brasil, que exigem o envolvimento de estados e município, sociedade civil organizada e setor privado. Sem esse trabalho coletivo, não será possível alcançar os ODS.

Sérgio Andrade é cientista social e diretor executivo da organização Agenda Pública. Em 2015,
foi o vencedor do Prêmio Empreendedor Social, da Folha de S. Paulo.