Educador social, professor de dança e capoeira, estudante de educação física e pai da Jhulia, de 1 ano. Com todas estas atribuições, é difícil imaginar que Marcos Aurélio Araújo dos Santos, 23 anos, viveu uma infância sem perspectivas. “Antes, eu morava em um abrigo grande, onde não tinham muita preocupação conosco. A gente não tinha educação, cuidado e atenção. Eu vivia no descaso. Para mim, viver ou não existir eram a mesma coisa”.
Marcos foi transferido para a Aldeias Infantis SOS de Brasília. E essa mudança ressignificou completamente sua vida. Chegando lá, foi acolhido na casa-lar da Marli, que deu o melhor de si para que ele se sentisse parte da nova família.
A relação de afeto e confiança com a mãe social foi essencial para que ele enxergasse as possibilidades de um futuro. No começo da adolescência, aprendeu dança de salão em uma academia próxima e, por mérito próprio, conseguiu uma bolsa de estudos de dança em uma escola conceituada da região. Além disso, fez aulas de capoeira na Aldeias Infantis dos 11 aos 17 anos, quando foi adotado por Marli.
Sobre a relação com a mãe, fala com orgulho: “Eu costumo dizer que ela é minha mãe desde sempre, porque a minha vida começou depois que eu vim para a Aldeias Infantis. É como se eu tivesse nascido com 11 anos, sabe?”.
Mesmo com todos os compromissos no trabalho e na faculdade, Marcos queria fazer mais. Foi aí que decidiu se tornar educador social no Centro de Apoio Social do Paranoá, onde a Aldeias Infantis oferece projetos culturais, educacionais e esportivos a 150 crianças de comunidades vulneráveis.
“Lá, a gente faz um plano de evolução das crianças, que vai além das aulas. Nós queremos mostrar que elas podem pensar no seu futuro, aproveitar as oportunidades. Que podem estudar, ter uma profissão, sonhar e perseguir seus sonhos. Fizeram isso por mim. E eu quero fazer isso por eles”.