Confira a entrevista com Mauricio de Jesus Santiago, que nasceu e cresceu em Lauro de Freitas, Bahia. Atualmente, mora, estuda e trabalha na Costa Rica, América Central. Chegou a Aldeias SOS, com 2 anos de idade junto da sua irmã biológica Mariana de 3 anos.
Qual a sua recordação mais marcante do tempo que viveu na Aldeias Infantis SOS?
Na Infância, os momentos de descontração com meus irmãos sociais, tínhamos várias oficinas: artesanato, música, corte e costura e muitas recreações. Esses momentos foram fundamentais na minha vida, pois pude descobrir minhas habilidades e talentos. E na adolescência, minha dedicação e determinação acadêmica: eu tinha uma bolsa de estudo num colégio particular que ficava relativamente longe da minha casa-lar, então eu tinha que acordar as 5 da manhã todos os dias, para chegar às 8h00. Fazia isso com muito esmero e alegria.
O que você aprendeu morando na Aldeias Infantis SOS e qual o princípio fundamental que carrega para sua vida até hoje?
A importância de uma família: a Aldeias Infantis SOS é minha família, me educou, me deu valores fundamentais para entender o mundo e suas peculiaridades. E também o valor do ‘Amor’, por ser amado e querido por todos que me instruíram, hoje sou capaz de amar e ser humano. E, como princípio: “Tudo é possível”, eu acredito que eu posso ser o que eu quiser ser, desde que eu trabalhe incansavelmente para fazer isso possível.
Quais eram seus sonhos quando morava na Aldeias Infantis SOS? Eles se realizaram?
Desde criança eu sonhava em ser um bombeiro, pois me encantava o fato de poder salvar vidas. Infelizmente não pude cumprir esse encanto originalmente, pois à medida que fui crescendo, eu notei que podemos salvar vidas de várias maneiras: educando, criando e inspirando as vidas, para não ser necessário as salvar. Hoje eu posso fazer tudo isso através do meu trabalho como professor. Portanto, eu posso dizer que meu sonho primordial está sendo fortalecido com base nas minhas oportunidades e experiências de vida, pois eu acredito que os sonhos não se acabam e nem se realizam, senão que se fortalecem.
Quanto tempo morou na Aldeias Infantis SOS e como foi sua saída?
Durante 15 anos. Minha saída foi transitória, porque quando eu tinha 17 anos de idade ganhei outra bolsa de estudos (após passar por um processo seletivo com vários aldeanos nacionais) para ir a um colégio internacional na Costa Rica: Colégio do Mundo Unido. Ao chegar lá, encontrei outra família, com características multiculturais (estudantes de 84 países) e um espirito de comunidade fundamentados no multiculturalismo, paz e meio ambiente. Portanto, minha saída foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida.
Você já esteve em visita a Aldeias Infantis SOS onde morou? O que sentiu?
Sim. Já estou morando fora do Brasil (meu ‘porto seguro’), mas sempre voltei a minhas raízes pelo menos uma vez em cada um desses anos fora. Para mim é crucial voltar ao meu ‘porto seguro’, para recarregar minha bateria cultural e visitar minha família. Sempre que volto tento levar um pouco dos resultados das minhas conquistas pelo mundo. Exemplo: uma das ações mais significativa que fiz em benefício da minha origem foi um projeto de paz chamado Peace Me the Ball: o projeto foi desenvolvido no programa de Lauro de Freitas com o objetivo central de promover a paz através do futebol no período de 01 de Junho a 30 de Agosto de 2012.
Conte um pouquinho sobre como é ser professor e porque escolheu morar fora do Brasil.
Trabalho como Professor de Português numa fundação de estudos brasileiros, também sou o diretor de ações sociais desta fundação. Desenvolvemos ações de fortalecimento comunitário em bairros desfavorecidos. Estou fazendo meu MBA online numa universidade norte-americana. Entretanto, antes de me estabelecer por aqui eu tive experiência profissional na Suíça (trabalhado com a Swiss Airlines), experiência de mochileiro pela América do Sul durante 6 meses e uma experiência universitária nos EUA (Licenciatura em Negócios Internacionais com ênfase em Idiomas e Culturas. Escolhi morar fora pelas oportunidades de crescimento pessoal e profissional, sou um cidadão do mundo e estou me capacitando e aproveitando todas as chances relacionadas ao meu sonho primordial: Ser um “bombeiro”.
No período da Copa você esteve no Brasil novamente trazendo americanos para conhecer as belezas do nosso país. Nos conte um pouco dessa experiência.
Fui convidado por uma agencia de viagem e TV (destinostv.com), para levar um grupo de turista (68 costarriquenhos) para conhecer o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, minha responsabilidade foi certificar que todos os detalhes
logísticos funcionassem como tínhamos planejado anteriormente. E tudo funcionou perfeitamente, tivemos uma experiência inesquecível nas cidades e vivemos a emoção da Copa ao máximo. Fomos aos estádios Maracanã e Mineirão e assistimos jogos muito emocionantes, também visitamos os pontos turísticos mais importantes destas cidades. Tudo foi maravilhoso e muito bem feito.
O que você deseja para as crianças e adolescentes que fazem parte da Aldeias Infantis SOS Brasil?
O melhor e que acreditem que “tudo é possível” e não tenham limites para sonhar, pois nossos sonhos alimentam nossa vontade de crescer e se eles podem ver os sonhos como forma de crescer, serão cidadãos uteis e inconformados com suas realidades: serão agentes de mudança da vidas deles e depois das suas comunidades.
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