novembro 18 2024
Lideranças da ACNUR e OIM no Brasil visitam Aldeias Infantis SOS em Porto Alegre
Davide Torzilli, que lidera as atividades da ACNUR, e Paolo Caputto, chefe da missão da OIM, dialogaram com migrantes atingidos pela catástrofe climática do Rio Grande do Sul
Recomeço. A vida de pessoas em deslocamento forçado ou migrantes é marcada por recomeços, em geral, em países diferentes do seu local de origem, com a expectativa de encontrar melhores oportunidades de vida ou para fugir de conflitos diversos. No entanto, no caso das famílias que migraram para o Sul do Brasil, o desafio de viver em outro país foi marcado por uma nova mudança forçada, desta vez por conta de uma catástrofe climática sem precedentes.
Entre as vítimas da enchente que devastou o Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano, estão centenas de famílias de refugiados ou de pessoas em deslocamento forçado, que haviam se instalado na região do Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre, uma das mais afetadas pela catástrofe climática. Para minimizar os efeitos da catástrofe, a Organização vem apoiando famílias de venezuelanos, interiorizadas por meio da Operação Acolhida da ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, e Governo Federal, além de haitianos.
A fim de entender melhor a realidade dessas famílias, Davide Torzilli, que lidera as atividades da ACNUR no Brasil, e Paolo Caputto, chefe da missão da OIM (Organização Internacional para as Migrações) no País, estiveram presentes em uma roda de conversa na Aldeias Infantis SOS em Porto Alegre que também contou com a participação dos venezuelanos atendidos.
Foi um momento de muita troca entre os convidados que destacaram a relevância da atuação em conjunto das organizações para garantir o reestabelecimento das famílias atingidas pelas chuvas.
“Escutar essas histórias de superação, de mulheres fortes, que recomeçaram outra vez, depois das enchentes, é muito positivo. Isso destaca a importância do trabalho conjunto da sociedade civil brasileira, que com apoio da comunidade internacional, pode apoiar pessoas migrantes para que pudessem recomeçar”, resume Torzilli.
O trabalho da sociedade civil brasileira também foi destaque para o chefe da OIM. Para Caputto, apesar do roteiro semelhante, que permeia as histórias de superação entre os refugiados, no Brasil há uma grande diferença no tratamento.
"Essa diferença é o Brasil. Porque para os migrantes e refugiados sempre é difícil. Mas aqui, no Brasil, eles recebem um acolhimento muito difícil de encontrar em outros países e a Aldeias Infantis SOS é um grande exemplo neste sentido”, destaca.
Caputto complementa ainda dizendo estar surpreendido pela generosidade da sociedade civil brasileira. “Para nós, das Nações Unidas, trabalhar aqui é muito mais gratificante, é muito mais fácil do que em outros lugares, porque temos parceiros incríveis”, comemora.
Apoio aos migrantes no Estado Gaúcho
O objetivo do suporte é mapear, por meio de visitas domiciliares, demandas da população, necessidades de encaminhamento, monitorar e garantir o acompanhamento das famílias, além de dar visibilidade para as pessoas que já se encontravam em processo de extrema vulnerabilidade social.
A união de esforços entre as organizações, entretanto, não diminui o tamanho do desafio. Para a coordenadora da Ação Humanitária da Aldeias Infantis SOS e que acompanha as famílias refugiadas, Gabriela Barreto, as dificuldades envolvidas no contexto da alta vulnerabilidade em que as famílias se encontram, exige muito empenho e acompanhamento de perto das pessoas.
“Na comunidade Asa Branca, há a Rua Farroupilha, um dos locais mais vulneráveis de Porto Alegre. Antes da inundação, a rua já vivia em estado precário: um valão exposto, que se estende na frente das casas, e uma via de terra batida, sem saneamento básico. As moradias, feitas de madeira e ainda inacabadas, tinham frestas tão grandes, que não impediam a chuva. Hoje, passados seis meses das enchentes, o cenário ficou ainda mais crítico”, lamenta.
Por outro lado, Gabriela destaca a força das famílias para recomeçar e que pouco a pouco retornam para suas casas. “Mesmo neste cenário de alta vulnerabilidade, há uma força silenciosa nas famílias. Durante esses meses, evidenciamos muitas histórias marcantes de superação e resiliência, que nos dão força para seguir com o trabalho junto às famílias e de extrema importância e complexidade”, resume.
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