O 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Em 18 de maio de 1973, Araceli Crespo, de apenas 8 anos, foi drogada, estuprada e morta por dois jovens, na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Apesar da comoção nacional em cima do caso, os dois jovens acusados pelo crime saíram impunes.
Hoje, mais de 40 anos depois, milhares de Aracelis continuam sendo vítimas da violência sexual, no Brasil, e muitos dos criminosos também continuam soltos. Em 2000, o 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, uma data triste, mas que serve para a conscientização da sociedade sobre os danos irreparáveis causados às vítimas desse tipo de violência.
"Em tempos de quarentena, o combate a este tipo de violência se torna ainda mais desafiador", afirma Michéle Mansor, Gerente Nacional de Desenvolvimento Programático da Aldeias Infantis. "Muitas vezes, as vítimas estão presas em casa com os próprios abusadores, e são impossibilitadas de pedir auxílio."
Segundo especialistas, crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual apresentam sinais, como a mudança brusca de temperamento, apego ou rejeição excessiva a determinada pessoa e um alto interesse por questões sexuais. Além das mudanças psicológicas, as vítimas podem dar evidências físicas, como machucados e marcas em braços pernas e pescoço.
“O isolamento dificulta a identificação desses casos, já que a criança não tem contato com um professor ou outro adulto que possa perceber um comportamento diferente ou alguma marca no corpo para fazer a denúncia”.
E o Brasil ainda tem que evoluir muito no combate. Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foram denunciados 18.612 casos de violência sexual contra crianças e adolescente no ano de 2018, sendo a maioria deles cometidos por uma pessoa próxima da vítima, como pais, tios, vizinhos.
“Esse número alarmante é subnotificado, já que a maior parte das vítimas não tem discernimento para entender e muito menos para denunciar o crime”, destaca Michéle.
Além de acolher crianças que tiveram seus direitos violados, a Aldeias Infantis atua na prevenção da violência sexual por diversos caminhos.
Um deles é oferecendo lugares seguros para as crianças e adolescentes, enquanto os pais estão fora de casa, zelando por seu bem estar físico e emocional. Além disso, organiza rodas de conversas, oficinas e palestras para que os pais, os responsáveis e toda a comunidade se informem sobre como prevenir, identificar e denunciar qualquer tipo de violência.
A organização também promove ações de mobilização pública e incidência política para garantir diretrizes e leis que protejam os direitos das crianças e adolescentes.
O Projeto Bem Cuidar, desenvolvido em João Pessoa, na Paraíba, é um exemplo deste trabalho. A iniciativa combate a exploração sexual de crianças e adolescentes através de ações de conscientização e mobilização em regiões de vulnerabilidade social.
Realizando uma série de oficinas e palestras, a ação trabalha no fortalecimento de jovens para prevenir que se tornem vítimas da violência sexual. Em paralelo, atua na capacitação de profissionais e técnicos sobre os direitos da criança e do adolescente e também orienta dezenas de famílias para identificar possíveis casos de abuso.
Desde 2019, o Projeto Bem Cuidar impactou 440 jovens e 105 técnicos do Sistema de Garantia dos Direitos de Crianças e Adolescentes (SGDCA).
O Disque 100 é o canal oficial de denúncias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Funciona 24 horas, todos os dias da semana. A ligação é gratuita, anônima e pode ser feita de qualquer lugar do Brasil.
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Sabemos que cuidar de crianças não é tarefa fácil. A Aldeias Infantis cuida e protege crianças e adolescentes no mundo todo. No Brasil, 85% das doações são realizadas nas ruas. Sem esses recursos, o risco de paralisar atividades e encerrar diversos projetos é enorme. Mais do que nunca precisamos da sua ajuda para manter nossa atuação.
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