julho 22 2020

Relato de uma Mãe Social sobre a pandemia

Maria Aparecida, Mãe SOS, conta como está sendo seu dia a dia na Casa Lar

A pandemia obrigou o mundo todo a se adaptar e na Aldeias Infantis não foi diferente. Tivemos que implementar dezenas de novos protocolos para lidar com a emergência sanitária e econômica tanto nas comunidades, quanto em nossas Casas Lares. 

Diante desse contexto, as Mães e Pais Sociais (cuidadoras residentes) têm sido cruciais para que essas transformações aconteçam de forma eficaz e causando o mínimo de estresse e apreensão nas crianças e adolescentes. 

Maria Aparecida, Mãe SOS que atua na Aldeias Infantis do bairro de Rio Bonito, em São Paulo, nos contou como tem sido a vida desde o início do isolamento social e como tem tentado manter a esperança e o otimismo nesse momento difícil. 

Como está sendo o dia a dia de vocês durante a pandemia? 

Essa Pandemia chegou apavorando a todos. Estamos nos adaptando de acordo com as necessidades que aparecem. São diversos os desafios que estamos enfrentando no cotidiano. 

Ao mesmo tempo, estamos tentando manter a calma. Seguimos medindo a temperatura das crianças, de manhã e à noite, estamos usando máscaras, higienizando as mãos e respeitando a quarentena. E também estamos conscientizando os adolescentes sobre a prevenção e criando estratégias para mantê-los dentro de casa ou no condomínio. 

Como estamos todos com os atendimentos médicos em dia: saúde bucal, mental e vacinas, procuramos não pensar que qualquer indisposição de saúde pode ser o coronavírus, até para não alarmar as crianças. 

Quais são as maiores dificuldades do isolamento social? 

Fiquei 14 anos trabalhando em condomínios das Aldeias, depois 8 anos em casas nas comunidades. Hoje me encontro novamente no condomínio e agradeço a Deus por isso. Nesse momento, o condomínio é mais favorável as medidas de proteção e prevenção. Eu imagino que seja mais difícil nas Casas Lares situadas nas comunidades.  

Estamos totalmente isolados, não recebemos visitas, não posso tirar minhas folgas e nem viajar para visitar a minha família. 

No início as crianças ficaram bem rebeldes, não queriam aceitar de forma nenhuma ficar em casa. Mas agora já estão se adaptando. 

O que me preocupa hoje, é que estamos bem perto do foco de contaminação. A nossa região, do Alto Tietê está no alerta vermelho. 

E como estão lidando com a educação das crianças e adolescentes? 

Na área da Educação os desafios estão sendo resolvidos de uma forma bem tranquila. Foi baixada no computador a plataforma da secretaria de educação e os professores e responsáveis dos alunos tem um grupo no whatsapp para orientar sobre o curso. Nesse grupo, eles vão passando as matérias bimestrais, as aulas e as tarefas online. As tarefas das nossas crianças são acompanhadas por nossos educadores sociais e enviadas para os professores de cada uma das escolas. 

E como as crianças e adolescentes tem reagido as mudanças? 

As crianças estão conseguindo acompanhar bem essas mudanças. Uma coisa boa que tem nos ajudando muito, é que quase metade das crianças que estão em processo de reintegração familiar assistida, foram passar a quarentena com a famílias biológicas e claro, monitoradas pela equipe da SOS, inclusive na área da educação, saúde, alimentação, higiene e etc. 

Quais são as suas expectativas para um futuro próximo? 

A equipe e a Casa Lar estão fazendo o máximo que podem em relação a prevenção. Acho que essa epidemia vai ficar nos assustando por um bom tempo ainda, então temos que aprender a lidar com a situação sem pânico, e tendo a sabedoria de passar a tranquilidade para todos. 

Minha esperança é que vamos passar por essa situação e sairemos bem mais fortalecidos. Será um grande desafio, mas temos o potencial para vencer mais essa Batalha. 

 

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