Tita foi a primeira mãe-social de Thaíse na Aldeias Infantis SOS Brasil / arquivo pessoal
Thaise Nelligane da Silva Ferreira tem 34 anos, é sócia em dois escritórios de advocacia em Natal e Recife, e atualmente vive com o marido, Ivanson, na capital pernambucana. De origem simples, cada conquista foi resultado de muita dedicação e disciplina, além da educação e dos valores que recebeu durante os 25 anos que passou dentro da Aldeias Infantis SOS Brasil.
A advogada chegou a unidade da Aldeias Infantis de Caicó, no interior do Rio Grande do Norte, com pouco mais de um ano de vida. Em 2003, com 17 anos, foi transferida para outra unidade da organização na capital do estado, onde concluiu o ensino médio e iniciou o curso de Direito.
Durante o curso, na Universidade Potiguar, se mudou para um apartamento com outras quatro meninas da Aldeias Infantis. Mesmo de uma forma mais distante, a organização continuou prestando toda a assistência para Thaise até a sua graduação, em 2011.
Thaise durante atividade escolar na Aldeias Infantis SOS Brasil de Caicó / arquivo pessoal
“Eu só tenho lembranças boas, desde a minha primeira infância, eu sempre fui muito feliz. Nós recebíamos muito amor lá. Foram aqueles ensinamentos que me tornaram a pessoa que sou hoje”, afirma.
A rotina dentro da casa-lar durante a infância era como a das outras crianças da região. Ela frequentava a escola, e nos horários livres participava de atividades como teatro, música, dança e artesanato. Tão importante quanto a educação e o amor que recebeu dentro da organização, Thaise destaca os valores passados pelas mães-sociais e educadoras.
“Eram ensinamentos para a vida. Eles nos orientavam em como se comportar, como agir da forma certa”, relembra.
Carinho por Mainha
Tita, a quem até hoje Thaise se refere como mainha, foi a primeira mãe-social com quem conviveu. Mais de três décadas depois, a advogada ainda guarda na memória o amor, a dedicação e os ensinamentos passados.
“Nunca nos faltou nada. Nós sempre fomos muito protegidas, e só quem morou lá sabe o quanto isso fez diferença na nossa vida”.
Comemoração de aniversário junto com Tita e outras crianças em Caicó / arquivo pessoal
Assim como de uma mãe biológica, o laço entre Thaise e Tita não se desfez quando a mulher precisou se afastar das atividades de mãe-social por problemas de saúde. Por ironia do destino, hoje é Thaise quem ajuda a cuidar de Tita, que anos atrás foi diagnosticada com Alzheimer e mora em Natal com outra de suas filhas criada na Aldeias Infantis.
“Quando eu morava em Natal, nós nos falávamos todos os dias. Mesmo não estando presente, eu mando ajuda e fico tranquila por saber que ela está sendo bem cuidada”, conta.
Apoio incondicional
Há pouco mais de dois meses ela se mudou para Recife, mas ainda mantém o contato com as irmãs, irmãos e mães-sociais com quem conviveu durante a maior parte da sua vida, inclusive sendo madrinha da filha de duas das antigas colegas de Aldeias Infantis.
Hoje Thaíse vive em Recife, junto com o marido Ivanson / arquivo pessoal
“É como uma família mesmo. A gente briga, faz as pazes, ri, se diverte”, afirma. “Eu não tenho formas de agradecer a dedicação e tudo de bom que nos passaram ao longo de todos aqueles anos”.