outubro 21 2021

“Ser Mãe Social é uma missão”

Há mais de duas décadas na profissão, Maria da Conceição continua superando desafios para que toda criança cresça com carinho

 

Maria da Conceição Loreto (52) nem imaginava que seu carinho por crianças um dia se tornaria uma profissão. Como ela mesma ressalta com orgulho, “ser Mãe Social é uma missão, um propósito de vida”.

Natural de Recife (PE), sua trajetória de cuidado começa com a transferência do seu pai para Manaus (AM). Nessa cidade de construções imponentes, palácios e o belíssimo Rio Negro, ela fez morada e por um acaso conheceu a Aldeias Infantis SOS em um anúncio de jornal. No papel, informava-se uma grande novidade: o começo das atividades da organização em Manaus e a necessidade de contratação de Mães Sociais para o serviço de acolhimento.

Conceição sentiu o coração bater mais forte e, mesmo sem experiência na profissão, decidiu seguir a sua intuição e o desejo de trabalhar com crianças. “Sempre gostei de estar junto delas. Na época em que li o anúncio, era recepcionista em uma clínica pediátrica e adorava o contato com as crianças”, relembra a profissional. Animada e com medo, ela se apresentou ao endereço informado no jornal e fez uma entrevista com o então Gestor da unidade, Nelson Peixoto.

Conceição não tinha dúvidas de que aquele era o caminho a seguir e, com apenas 25 anos, começou uma série de formações para se capacitar como Mãe Social. Pouco a pouco foi conquistando vitórias. Começou como estagiária, depois assistente de outra profissional mais experiente e, por fim, assumiu uma Casa Lar como Mãe Social.

“No começo, eu tive muito medo de não dar conta de tudo. Acordava ansiosa às 5 horas para preparar o café da manhã das crianças e deixar tudo pronto. Depois de um tempo, fiquei mais confiante e segura das minhas habilidades”, conta.

Na recém Casa Lar construída, as primeiras oito crianças acolhidas desfrutavam de um quintal com muitas árvores e flores cultivadas por sua mãe de coração, que dedicava tempo e esforço para entender a história e as necessidades de cada um.

“Para mim, é muito importante o momento da chegada de uma nova criança na Casa Lar, pois cada uma é especial e tem sua trajetória. Eu procuro sempre me informar e buscar apoio com os outros profissionais da equipe para dar o melhor cuidado para cada uma”, ressalta.

Com muita experiência adquirida em Manaus, Conceição foi convidada a encarar um novo desafio: se mudar para Caçapava (SP), onde a Aldeias Infantis SOS havia firmado uma parceria com a prefeitura para instaurar o seu serviço de acolhimento.

Destemida, ela aceitou a mudança e levou consigo uma grande bagagem: sua desenvoltura como Mãe Social. Apesar de a parceria com a Aldeias Infantis SOS não ter prosseguido por questões administrativas, a cuidadora continuou em Caçapava trabalhando em outras organizações de acolhimento, como instrutora de profissionais da área, mas Conceição sentia que algo estava faltando. “Por ser Mãe Social piloto, eu trabalhava de forma itinerante em diversos espaços promovendo orientação, o que não permitia que eu criasse vínculos profundos com as crianças.”

Com o desejo o retomar o trabalho próximo às crianças, ela aceitou uma oportunidade na Aldeias Infantis SOS em Capão da Canoa (RS). Por meio de uma amiga e na época Mãe Social da organização, Conceição soube da vaga e não pensou duas vezes em trilhar esse novo caminho. “Já estou em Capão da Canoa há mais de um ano e, mesmo com o frio, me sinto realizada e com a certeza de que essa profissão é a minha missão”, celebra.

Conceição carrega em seu coração mais de 40 meninos e meninas que cuidou com muito carinho, além dos filhos destas crianças, hoje adultos, que teve a oportunidade de conhecer. Ela se orgulha de todos e ainda mantêm contato com vários.

Parabenizamos e agradecemos os 24 anos de dedicação e comprometimento desta grande Mãe Social, que continua sua jornada de cuidado e afeto na organização. Juntos, para que nenhuma criança cresça sozinha!

Sobre a profissão

A Mãe Social (cuidadora residente) é a pessoa responsável por educar e cuidar de crianças, adolescentes e jovens que por diversos motivos tiveram seus vínculos familiares fragilizados ou rompidos (negligência, discriminação, abuso e exploração). Seu papel é dar carinho, amor, orientação, passar valores e princípios para essas crianças. Ela acompanha e apoia o desenvolvimento delas para que se tornem adultos independentes e responsáveis no futuro. É uma profissional com carteira assinada, contratada pelo regime CLT, que passa por uma rigorosa seleção e sua capacitação dura cerca de 2 anos.

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