Em parceria com a ACNUR, Aldeias Infantis SOS Brasil já acolheu mais de 2 mil refugiados.
O Brasil é o país com o maior número de refugiados venezuelanos reconhecidos na América Latina. Desde 2017, o país já recebeu mais de 250 mil venezuelanos e já foram concedidos 123.507 vistos temporários de refúgio e residência, segundo dados do Governo Federal informados na Plataforma de Coordenação para refugiados e migrantes da Venezuela – R4V em novembro de 2019.
A falta de estrutura para comportar tamanho contingente criou graves problemas na região de fronteira, especialmente em Roraima. Diante da calamidade social, diversas entidades se uniram ao Governo Federal e a Organização das Nações Unidas (ONU) para dar suporte na recepção dos venezuelanos.
A Aldeias Infantis SOS Brasil foi uma dessas parceiras. Em conjunto com o Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), desde 2018, a organização desenvolve, através de seu Programa de Emergência, o Projeto Brasil Sem Fronteiras, com foco no acolhimento e assistência de famílias venezuelanas com crianças e adolescentes, famílias monoparentais - principalmente chefiadas por mulheres - e mulheres sozinhas.
Atualmente, a organização presta assistência para mais de 70 famílias, somando 260 pessoas. Em dois anos de parceria, o programa já atendeu mais de duas mil pessoas.
Com a pandemia da Covid-19, esse trabalho se tornou ainda mais complexo. A paralisação da economia causou uma onda de demissões em massa em todo o Brasil, atingindo também os imigrantes. Um dos desafios foi inserir essa população nos programas de ajuda e renda oferecidos pelo governo federal. Apesar dos refugiados terem direito aos benefícios, o apoio da organização é importante para romper as barreiras da língua e da burocracia.
Foi realizado ainda, um trabalho de conscientização e orientação dessas famílias sobre a questão do isolamento social, do uso de equipamentos de proteção individual, cuidados com a higiene e todas as informações referentes a pandemia do novo coronavírus.
As operações de interiorização também precisaram ser reestruturadas para evitar que pessoas vindas de outras regiões transmitissem o vírus àqueles que já estavam em quarentena. Diante dessa problemática, a Aldeias Infantis montou estruturas para que, todos que chegassem de fora, pudessem passar um período em observação para evitar a disseminação da Covid-19.
“Outra questão importante foi a suspensão das aulas. Tivemos que oferecer diversas novas atividades para que as crianças e adolescentes não ficassem ociosos. Agora temos um desafio ainda maior, que é disponibilizar internet e computadores para que todas as famílias possam acompanhar as aulas online”, afirma Sérgio Marques, sub gestor nacional da Aldeias Infantis SOS Brasil.
Após a acolhida, a Aldeias Infantis faz um diagnóstico inicial de todas as famílias, identificando as competências e habilidades de cada membro. Em seguida, inicia um trabalho de desenvolvimento individual e familiar, por meio de projetos de educação, saúde, cultura, empregabilidade e geração de renda.
Além de prover a moradia, a organização também auxilia na inserção dos venezuelanos nos serviços públicos dos estados e municípios, como programas de desenvolvimento social, encaminhamento das crianças e adolescentes para as escolas, cursos de capacitação profissional e da toda a atenção necessária para as famílias atingirem a independência e autonomia.
Normalmente, esse processo de acolhimento tem o prazo de três meses. Com a nova realidade, esse prazo foi estendido e cada família passa por uma avaliação criteriosa para garantir que tenham o tempo necessário para conquistar sua autonomia sem correr riscos.
“Todas as famílias refugiadas estão recebendo atendimento médico pelo SUS, todas cadastradas nos postos de saúde, e todos são acompanhados pela rede de saúde. Nenhum caso foi paralisado, apesar da pandemia”, afirma Marques.
Mesmo depois das famílias deixarem o programa, a Aldeias Infantis mantém contato direto para garantir o seu bem-estar, trabalho que foi reforçado durante a pandemia. “Há um acompanhamento das famílias que não estão mais abrigadas. A gente também tem apoiado essas famílias com a entrega de cestas básicas e visitas das nossas equipes técnicas quando necessário”, diz o sub gestor nacional.
Com o apoio da ACNUR, a instituição mantém centros de acolhida em nove estados: São Paulo (São Paulo), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Distrito Federal (Brasília), Pernambuco (Igarassu), Paraíba (João Pessoa), Rio Grande do Norte (Caicó), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), Paraná (Goioerê) e Minas Gerais (Juiz de Fora).
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