fevereiro 12 2021
Projeto promove fortalecimento da comunidade Warao no Pará
Saiba como a iniciativa tem beneficiado os imigrantes há cinco meses
Desde setembro de 2020, a Aldeias Infantis SOS Brasil, em Belém, e a ACNUR desenvolvem o projeto Empoderando Refugiados Warao e Migrantes da Venezuela para Proteger suas Comunidades contra COVID-19, financiado pelo Fundo Canadá.
Leila dos Santos e Renato da Conceição são os pedagogos da Aldeias Infantis que atuam na iniciativa, realizada em Belém e Ananindeua (PA). Nestes cinco meses de desenvolvimento do projeto, eles destacam as principais conquistas, dificuldades e suas visões sobre a comunidade Warao no país. Confira nesta entrevista!
Quais as principais conquistas até o momento?
O nível de autonomia dos mobilizadores Warao que atuam no projeto tem aumentado, e eles buscam novas formas de conseguir apoio e disseminar informações para suas comunidades, coisa que sempre houve, mas se tornou algo mais criterioso. Eles procuram se informar mais e tirar dúvidas com pessoas especializadas nos assuntos que serão compartilhados.
Além disto, articulamos o atendimento dos Warao com diversas secretarias municipais e instituições, para garantir a emissão de documentos; a matrícula de jovens, crianças e adultos em instituições de ensino; o recebimento de auxílios financeiros e o acesso aos serviços de saúde e assistência social.
E as maiores dificuldades?
A distância física entre as comunidades Warao nas regiões dificulta a realização de atividades simultâneas, apesar de não ser um empecilho.
Outro ponto seria o não entendimento da língua portuguesa pelos mobilizadores Warao, em sua totalidade, mas sempre buscamos alternativas e contamos com o apoio de pessoas que transmitem as informações para eles no seu idioma nativo.
Também usamos imagens e produzimos materiais lúdicos, o que gera maior aproximação entre a nossa equipe e os mobilizadores.
Na opinião de vocês, como a comunidade Warao é vista no Brasil?
Onde atuamos percebemos que a maioria dos Warao não são “vistos” como indígenas, porque seus costumes e práticas são diferentes da visão que temos da cultura indígena brasileira. Também notamos que existem preconceitos e xenofobia em relação à essa comunidade, mas muitos moradores locais acreditam no potencial e torcem pela autonomia dos Warao no país.
Com o fim do projeto se aproximando, os profissionais ressaltam que houve uma mudança significativa no comportamento dos mobilizadores indígenas, pois com a iniciativa eles se aproximaram das instituições e atores locais de influência para a comunidade Warao, tornando-se mais ativos e firmando um diálogo para apresentar suas necessidades, problemas e expectativas para o futuro.