junho 18 2021

A longa jornada da família Rivera por sua independência

Depois de uma viagem desafiadora da Venezuela até o Brasil, Eucaris chegou à Pacairama (RR) com os filhos em 2019. Desde então, muita coisa mudou!  

 

Quando Eucaris (37) veio com seus filhos da Venezuela para o Brasil há quase 3 anos, mal sabia que os desafios de levar sua família para um país estrangeiro persistiriam por tanto tempo. Ela e seus filhos são uma, de quase 74 famílias refugiadas, que receberam abrigo e suporte da Aldeias Infantis SOS Brasil durante sua transição para uma nova vida no país. 

Eucaris Rivera esperava encontrar no Brasil uma vida melhor para ela e seus quatro filhos: Pamela Alexandra (7), Dilan Xavier (6), Lucia Valentina (3) e Logan Dayan (5 meses). 

Ao invés disso, como muitos refugiados venezuelanos, ela se viu diante de uma situação desesperadora. Quando Eucaris e seus filhos chegaram, eles não tinham um lugar onde morar e dormiram nas ruas por dois meses. Depois de serem identificados pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), eles foram acolhidos em um abrigo na cidade, e em janeiro deste ano, foram realocados para São Paulo, sob os cuidados da nossa organização. 

“Meus filhos e eu ficamos sem casa por dois meses. A  s coisas mais importantes são comida e abrigo, pelo menos eu tenho isso agora”, relata a mãe. 

Atualmente, ela vive em uma das casas da Aldeias Infantis, disponibilizadas para o acolhimento de famílias venezuelanas na cidade de São Paulo, desde de janeiro. Lá, ela recebe suporte econômico e orientação, enquanto busca um trabalho. 

Eucaris é uma de quase quatro milhões de pessoas que fugiram da crise econômica e da violência na Venezuela em busca de oportunidades no Brasil. A mãe-solo deixou sua cidade natal em agosto de 2019, com seus dois filhos mais velhos. 

Eles chegaram na fronteira com o Brasil e caminharam por um dia e meio até a cidade de Pacairama (RR), onde ela comprou passagens de ônibus para ir à capital, Boa vista, (cerca de 220km da fronteira). Alguns meses depois, Eucaris voltou ao seu país para buscar a terceira filha, Lucia Valentina (3). 

“A parte mais difícil é estar sozinha com meus filhos, ser a única responsável pelos cuidados e encontrar um trabalho,” ela admite. Em dezembro do ano passado, ela deu luz à Logan, que agora está com 5 meses. 

 
Os próximos passos de Eucaris 

Eucaris e seus filhos chegaram a São Paulo com poucas roupas, noções básicas de higiene e uma alimentação pobre em nutrientes, que colocava em risco sua saúde e das crianças. Uma vez que receberam abrigo, comida e roupas, a equipe da Aldeias Infantis SOS Brasil começou a trabalhar nas habilidades parentais da mãe.  

Ela recebe orientações de um time multidisciplinar de colaboradores da nossa organização: psicólogos, educadores e assistentes sociais para oferecer um cuidado adequado aos seus filhos e proporcionando-lhes acesso aos serviços básicos de saúde e de educação. 

Pamela e Dylan já estão matriculados na escola e aguardam a retomada das aulas presenciais. Eucaris está buscando um emprego, mas ser mãe-solo cuidando de um bebê torna isso muito mais difícil.

Enquanto ela tem o apoio de outras famílias venezuelanas que vivem em nossas casas, a equipe da Aldeias Infantis SOS Brasil procura construir uma rede solidária entre as mães solteiras, para que possam ajudar umas às outras. Ela agora está aprendendo português, então tem mais chances de conseguir um emprego. 

Enquanto isso, Eucaris admite que o relacionamento dela com as crianças ficou mais forte e coloca em prática tudo o que ela aprende. 

Brasil Sem Fronteiras 

O Brasil abriga a segunda maior população de refugiados da Venezuela, ficando atrás da Colômbia. No total, mais de 5 milhões de venezuelanos deixaram seu país desde 2015, e cerca de 260.000 vivem no Brasil. Apesar da busca por uma vida melhor, muitos ainda enfrentam condições de vida desesperadoras. 

“Essas famílias chegam a um país sem referência ou sem rede de apoio. Os maiores desafios para eles se adaptarem são o idioma, a revalidação dos diplomas - caso possuam educação superior, e inclusão no mercado formal.”, relata Michéle Mansor, Gerente de Desenvolvimento Programático da Aldeias Infantis SOS Brasil. 

nossa organização trabalha há quatro anos em parceria com o ACNUR no projeto Brasil Sem Fronteiras. As quatro casas de acolhida para refugiados da Aldeias Infantis possuem quartos separados e áreas comuns compartilhadas, como sala de estar, cozinha e lavanderia. As casas podem acolher até 13 famílias, que normalmente ficam de 3 a 6 meses, e vão embora quando conseguem uma fonte de renda estável e um lar. 

Ao mesmo tempo que oferece abrigo e proteção às famílias venezuelanas, a nossa equipe promove orientação para acesso a serviços básicos, apoio para encontrar emprego e integração na comunidade, bem como realiza o aconselhamento e o treinamento sobre habilidades parentais. Até momento, a Aldeias Infantis apoiou 300 refugiados venezuelanos, entre eles 74 famílias e 80 crianças. 

“O objetivo do Brasil sem Fronteiras é empoderar e fortalecer as famílias venezuelanas para a adaptação intercultural e o desenvolvimento político, social e econômico para o exercício da cidadania e da autossuficiência”, afirma Mansor. "O nosso desejo é fornecer-lhes ferramentas e apoio, para que estas famílias tenham autonomia e tenham uma vida melhor no nosso país."

 

VOCÊ TAMBÉM PODE APOIAR!