Vida Nova – julho 5 2018

SOS acolhe refugiados da Venezuela no RJ e PE

Famílias refugiadas venezuelanas são acolhidas pela SOS em busca de um futuro melhor

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Desde a última terça-feira, dia 03 de julho, os programas de Pernambuco e Rio de Janeiro da Aldeias Infantis SOS Brasil receberam 119 pessoas solicitantes de refúgio e migrantes venezuelanos, que estavam há meses vivendo de forma precária em Boa Vista (Roraima).

Ao todo, são 31 famílias acolhidas em nossos serviços de cuidado infantil e fortalecimento familiar, onde permaneceram até alcançarem uma vida autônoma, plenamente integrada, social e financeiramente.

A iniciativa é uma resposta de emergência da SOS Brasil ao processo de interiorização de venezuelanos que chegam pela fronteira no estado de Roraima (Norte do país) promovida pelo Governo Federal, com apoio do Sistema ONU no Brasil. 

“Após a acolhida, a SOS fará um diagnóstico inicial para identificar as competências e habilidades de cada pessoa. Só aí será feito um trabalho de desenvolvimento familiar e individual a partir de projetos já existentes que envolvem educação, saúde, cultura, empregabilidade e geração de renda”, explica a gestora nacional da SOS Brasil, Sandra Greco. 

A interiorização
A interiorização é uma programa criado no Brasil para ajudar venezuelanos em situação de extrema vulnerabilidade a encontrar melhores condições de vida em outros Estados brasileiros.

Além dos novos grupos em PE e RJ, 527 venezuelanos foram levados para as cidades de São Paulo, Cuiabá e Manaus, em durante os meses de abril e maio e encaminhados a outras organizações sociais, que atuam com refugiados. O processo é organizado pelo Governo Federal com apoio da ACNUR, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Por meio do registro dos venezuelanos abrigados em Roraima, o ACNUR estabelece o perfil desta população e identifica os interessados em participar da estratégia. A OIM e o UNFPA atuam na informação prévia ao embarque, garantindo que as pessoas possam tomar uma decisão informada e consentida, sempre de forma voluntária. O UNFPA promove diálogos com as mulheres para que se sintam fortalecidas neste processo.

Todos os solicitantes de refúgio e migrantes que aceitam participar da transferência para outras cidades passam por uma sessão de orientação sobre o processo de interiorização e as cidades de destino, realizam exame de saúde, são imunizados, abrigados na cidade de destino e acompanhados nos abrigos.

“Estamos juntos neste movimento de dar um sentido à vida de famílias que estão deixando para trás sua história, seus pertencimento em busca de um horizonte que os permitam viver com dignidade e com seus direitos respeitados”, afirma Sandra Greco.

Como parceira no programa de interiorização, a SOS Brasil espera receber ainda mais venezuelanos nas próximas semanas, nos Estados do Paraná, Distrito Federal e Paraíba. “A acolhida aos venezuelanos tem como principio e essência, o cuidado, a solidariedade e a compaixão que são valores intrínsecos da Organização e praticados por todos nós nas ações cotidianas.”

Próximos passos
Segundo a gestora nacional, o projeto prevê um tempo mínimo de permanência de três meses com aulas de português e encaminhamento a programas oficiais de saúde, educação, trabalho e renda. "Vamos dialogar para buscar as expectativas e as expertises de cada um. Eles vêm com seus sonhos. Não vamos impor a eles um plano de vida", afirmou Sandra Greco.

Este é o caso de Yelitza Josefina. Com 43 anos, a professora em Maturín, Venezuela, atravessou a fronteira com Pacaraima (RR) em janeiro deste ano para tentar a sorte no Brasil. "Se almoçava, não jantava", diz.

Ao lado do filho Moises, 19, viveu quatro meses numa praça da capital, Boa Vista, com milhares de compatriotas que fogem de uma crise humanitária, econômica e política que já produziu mais de 1,6 milhão de refugiados do país vizinho.

Ali, pegou chuva, fez sanduíches com restos de frios descartados por mercados, comeu marmitas deixadas por brasileiros. Fez bicos como doméstica e lavou pratos em restaurantes a R$ 25 por dia.

O sonho de Yelitza agora é trazer os outros três filhos - de 9, 11 e 13 anos - que ficaram na Venezuela. "É muito doloroso ter comida, abrigo e não ter seus filhos", afirma.

Além dessa esperança, tem outro sonho, pequeno, mas saboroso: "Queria muito comer um hambúrguer com batata frita".

Perfil Inicial
As 50 pessoas que desembarcam no Rio de Janeiro fazem parte de 13 grupos familiares, que estavam em Boa Vista entre 2017 e 2018. Ao todo, 13 bebês (0-05 anos), cinco crianças (06-14), 10 jovens (15-21), 22 adultos (21-60). 

Em Pernambuco foram 69 pessoas, 13 bebês (0-05 anos), 14 crianças (06-14), 10 jovens (15-21), 27 adultos (21-60).

“Nosso trabalho no mundo inteiro é acolher crianças, fortalecer famílias e advogar pelos direitos de todas elas. Acreditamos que nenhuma criança tenha que crescer sozinha, sem uma família, e esse é o princípio de trabalharmos com essas pessoas, que estavam em uma situação muito vulnerável”.