Solidariedade sem fronteiras

Por três décadas, o islandês, Jon Petersson acompanhou seus afilhados no Brasil

Jon Petersson no meio dos irmãos Leomar e Graciane e com outras crianças da Aldeias Infantis durante a comemoração do seu aniversário / Arquivo pessoal

 

Quase 10 mil quilômetros separam o Brasil da Islândia, uma ilha remota localizada ao norte do oceano Atlântico, famosa pelas temperaturas congelantes e paisagens de vulcões e gêiseres. A distância física e as diferenças culturais não foram barreiras para que Jon Petersson ajudasse a transformar a vida de crianças que viviam na Aldeias Infantis SOS Brasil, em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.

O laço entre tio Peter, como era carinhosamente chamado, e os brasileiros começou a se desenvolver em 1991. Por meio do sistema de Padrinhos Internacionais da SOS Children’s Villages, o islandês se comoveu ao conhecer a história dos irmãos Leomar e Graciane, à época com 7 e 3 anos de idade, respectivamente. Eles foram os primeiros afilhados de Jon, que também apadrinhou outras 6 crianças da Aldeias Infantis.

Mesmo à distância, o homem sentiu vontade de contribuir para o desenvolvimento dos brasileiros que sequer conhecia, e passou a ajudar mensalmente com uma quantia em dinheiro para que eles pudessem ter melhores oportunidades.

“Tenho na memória a história de como ele nos escolheu por fotos, e que na mesma hora ele gostou da gente e nos adotou como afilhados”, diz Graciane.

Tio Peter vem ao Brasil

Depois que se aposentou, Jon decidiu vir ao Brasil e conhecer seus afilhados, pessoalmente. “Foi muito divertido e maravilhoso conhecer a Aldeias Infantis. As crianças são muito bem cuidadas. A minha primeira visita durou uma semana, mas nas outras vezes, fiquei até mais de um mês e meio. Viajei de norte a sul pelo Brasil, incluindo a selva amazônica”, relatou Jon em entrevista para a Aldeias Infantis SOS Islândia.

As visitas de Tio Peter geraram lembranças inesquecíveis. Em uma delas, Jon comemorou seu aniversário junto com as crianças, com direito a um arco de balões coloridos e a nossa típica canção de “Parabéns pra você”.

Jon também compartilhou outros momentos marcantes, nesta mesma entrevista: “Eu participei de uma formatura escolar e de um jantar com as crianças. Foi maravilhoso. Eu fiz um curso de português para poder me comunicar com elas. Poucas pessoas falavam inglês em Santa Maria, por isso eu usava um dicionário quando precisava traduzir as palavras. As crianças também falavam um pouquinho de inglês...”

A cultura islandesa e a brasileira se misturavam durante as visitas de Tio Peter ao Brasil. Nestas ocasiões, Jon compartilhava suas experiências e gostava de preparar pratos típicos da Islândia. Além disso, participava das atividades locais, como as rodas de chimarrão.

“Desde o primeiro momento que nos conheceu, ele demonstrou afeto e atenção, foi realmente um pai para a gente”, relata o afilhado, Leomar.

As crianças apadrinhadas pelo tio Peter cresceram, se tornaram adultos independentes e hoje possuem as suas próprias famílias, com quem compartilham as histórias e ensinamentos deixados pelo padrinho de uma terra tão distante.

Além de ter sido uma figura paterna, ele era um homem extremamente generoso. Em 2018, Peterson fez uma doação no valor de 73 mil dólares para a Aldeias Infantis, Leomar e Graciane, que mudaria a vida deles para sempre.

Saiba como a doação do Tio Peter mudou a vida de Leomar e Graciane

Em janeiro de 2019, Petersson faleceu na Islândia, aos 84 anos. A Aldeias Infantis SOS Brasil reconhece o amor e a solidariedade que ele depositou na organização e agradece todo o apoio ao longo dos anos.

Em nome de toda Aldeias Infantis, muito obrigado.