Negligência e Acolhimento Institucional no Brasil

Escola de Formação dos Trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social de Pernambuco promove roda de diálogos com participação da Aldeias Infantis SOS 

A Aldeias Infantis SOS participou, nesta terça-feira (03), de uma rica tarde de diálogos com a Escola de Formação dos Trabalhadores/as do Sistema Único de Assistência Social de Pernambuco (ESFOSUAS/PE) e profissionais do serviço de acolhimento de todo o Brasil para debater o tema da negligência no âmbito do acolhimento institucional no país. A Organização foi representada pelo Coordenador Geral do Instituto Bem Cuidar, unidade de ensino e pesquisa da Aldeias Infantis SOS, José Carlos Sturza de Moraes.  

A Roda de Diálogo, proposta e organizada pela ESFOSUAS/PE e pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança, Juventude e Prevenção à Violência e às Drogas de Pernambuco, levantou a seguinte questão: A negligência é, de fato, o principal motivo para o acolhimento de crianças e adolescentes no Brasil? Ou há uma imprecisão do uso deste conceito? 

José Carlos Sturza, Coordenador Geral do Instituto Bem Cuidar 

O tema foi abordado com embasamento em diversas pesquisas sobre acolhimento realizadas no Brasil nos últimos 20 anos, entre elas, o material publicado em 2023 pelo Instituto Bem Cuidar, “Vozes (in)escutadas e rompimento de vínculos: pesquisa sobre crianças e adolescentes em cuidados alternativos, egressos/as e risco a perda de cuidado parental no Brasil”.  José Carlos Sturza apresentou a pesquisa aos profissionais presentes, destacando os pontos de atenção acerca da negligência como o maior fator de rompimento de vínculos familiares no país nos últimos anos.  

A principal discussão abordada em conjunto com os profissionais presentes foi a forma como o termo “negligência”, muitas vezes, é utilizado para mascarar a pobreza extrema ou casos de vulnerabilidade socioeconômica, como uma forma de culpabilizar e, até mesmo, criminalizar a família pela perda de vínculo com a criança ou com o adolescente. Esses fatos, de acordo com os participantes, evidenciam a necessidade de políticas públicas para amparar essas famílias e evitar assim o rompimento dos vínculos afetivos. 

A roda de diálogos foi coordenada pela Assistente Social e Especialista em Psicologia da Família e Realidade Social, Cláudia Souza, e pela Assistente Social e Especialista em Medidas Protetiva para Crianças e Adolescentes, Patrícia Brainer. O momento com os profissionais da rede de cuidados alternativos resultou em importantes discussões e contribuições acerca das medidas e proposições que podem ser realizadas para que as vozes de famílias, crianças e adolescentes sejam ouvidas pelas autoridades estaduais, a fim de promover a proteção de vínculos, muitas vezes, desnecessariamente rompidos.  

Para conhecer a pesquisa nacional “Vozes (in)escutadas e rompimento de vínculos: pesquisa sobre crianças e adolescentes em cuidados alternativos, egressos/as e risco a perda de cuidado parental no Brasil” na íntegra, acesse: institutobemcuidar.org.br/pesquisas-2/ 

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