Campeão da vida

"Não se pode desistir de seus objetivos e sonhos. Você pode ter uma deficiência, mas você pode superá-lo dia a dia"

Mesmo antes de vir ao mundo, Pedro sofreu com a falta de atenção de sua mãe. O abuso de álcool durante a gravidez foi a principal causa da paralisia cerebral que afetou suas funções motoras e empurrou o menino a andar na ponta dos pés ao longo de seus primeiros anos. Mas foi só depois da morte do pai e a consequente transferência dele e de seus quatro irmãos para Aldeias Infantis SOS de Poá, que Pedro receberia seu primeiro atendimento médico.

Acolhido em uma nova casa, Pedro tinha todos os cuidados necessários para o bem-estar de uma criança. Além disso, ele também ganhou uma aliada dedicada na luta para superar sua condição. Naquela época, Maria Emília tinha acabado de começar a trabalhar como mãe social na Aldeias Infantis SOS de Poá. E assim, quando a necessidade de cirurgia foi confirmada, ela se ofereceu para ajudar o menino e foi muito proativa insistindo aos médicos para tentarem acelerar o processo para obter o procedimento no sistema público de saúde, que, devido à demanda no Brasil, poderia pegar vários anos de espera.

Durante a cirurgia, Maria Emília ficou ao lado de Pedro no hospital o tempo todo. Ela ficou muito emocionada ao recordar do momento logo após a cirurgia: "Quando entrei pela primeira vez no quarto, quebrou meu coração ao vê-lo com ambas as pernas rebocadas, a partir dos quadris com as pontas dos dedos".

Durante 30 dias, o menino ficaria imobilizado e totalmente dependente da ajuda dos outros. Naquele mês, Emília não tinha tempo para descansar e se dedicou exclusivamente para cuidar de Pedro. Suas três irmãs mais velhas e até mesmo o irmão mais novo, fizeram o possível para ajudar. No entanto, a cooperação mais valiosa veio do jovem paciente que nunca chorou ou reclamou de dor ou desconforto. Emília acha que a persistência dele foi crucial para a sua plena recuperação: "Pedro nunca reclamou de nada. Ele é um jovem muito corajoso e persistente e sempre manteve a confiança em si mesmo. Exigiu muito de mim e dele, porque qualquer descuido, qualquer passo em falso poderia destruir tudo. Então, eu esperava muito dele e ele respondeu muito bem”.

Pedro, por sua vez, reconhece que o apoio e o compromisso da Emília foram essenciais para a sua melhora. Além disso, ele confessa que o que o motivou a recuperar sua saúde era a vontade de provar-se digno da ajuda de sua mãe social: "Eu queria mostrar a ela e a todos que eu poderia ter sucesso na vida".
 

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Esporte como uma estratégia para superar as dificuldades


É preciso um olhar muito aguçado para notar alguma diferença entre Pedro e seus companheiros no campo. Com a posse de bola, o garoto dribla, corre, defende, ataca e faz ... GOOOOL!

Como muitos garotos de sua idade, ele sonha em se tornar um jogador de futebol famoso, ainda mais com a realização da Copa do Mundo no Brasil. Mas futebol para Pedro não é apenas uma diversão ou uma perspectiva para o futuro, é um parceiro no caminho de sua melhora completa. Desde a operação, ele frequenta sessões de prática de fisioterapia que irá acompanhá-lo para o resto de sua vida. Handebol, vôlei, basquete e especialmente o futebol, são ferramentas para fortalecer os músculos e estimular a reabilitação.

"O esporte me faz sentir bem. Fico menos estressado quando eu vou para o ginásio. Sinto-me livre. Eu faço o que posso. E eu tento fazer melhor a cada dia. Quero ganhar. Mas não o jogo. Quero ser um campeão na vida.", afirma.

Fã do Real Madrid e Corinthians, Pedro diz que está impressionado com o desempenho do jogador português Cristiano Ronaldo. Mas quando ele pensa em um modelo, que não é no futebol, mas que encontra uma referência: "Eu admiro Emília, porque ela me ajudou quando eu era mais jovem, ela cuida de mim, me dá conselhos. Ela estava sempre lá para mim. Ela é como uma mãe para mim. O que a minha mãe não podia fazer por mim, Emília fez".

Apesar da pouca idade, o menino de 16 anos, se considera um campeão e, à luz de suas conquistas, Pedro não hesita em dizer: "Não se pode desistir de seus objetivos e sonhos. Você pode ter uma deficiência, mas você pode superá-lo dia a dia. Então você só precisa levar sua vida da melhor maneira, mostrando a todos que você pode fazer melhor. É essencial que você mostrar para si mesmo que você é capaz. Eu provei a mim mesmo. Hoje, me sinto melhor", conclui.