agosto 7 2017

Quando o amor transforma relações

Projeto realizado exclusivamente com pais reduz a violência e fortalece os vínculos familiares

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A cada dia, fala-se mais da importância da participação do pai na criação de seus filhos. Essa apropriação do cuidado garante não só um impacto positivo na vida da criança, como também no bem-estar da mulher e no combate à violência familiar. Mas para trazer os pais para esta participação, é preciso ter também criatividade e jogo de cintura.
 
Foi assim que Josiane Silva, assistente de desenvolvimento familiar e comunitário, conseguiu a confiança de pais de crianças que participam das atividades da Aldeias Infantis SOS em Araçoiaba (PE). Desde julho, realiza encontros mensais somente com eles. E, pouco a pouco, mais homens se envolvem com o projeto.
 

A criação do grupo de pais

Nos encontros com as famílias, só as mulheres participavam. “As crianças se queixavam da ausência e da ‘falta de paciência’ dos pais. As mães também reclamavam, porque elas tinham que fazer tudo. Além disso, algumas relatavam casos de violência familiar, física e psicológica, tanto contra elas, quanto contra os filhos”, conta.
 
Para quebrar este ciclo de violência, Josiane pediu o apoio de todas as mães e crianças, para que convencessem os homens a participarem de um encontro só para eles.
 
Dos 68 pais da comunidade, 35 apareceram.  Neste dia, Josiane apresentou a organização, mostrou o que os filhos faziam no Centro Comunitário e falou da importância da presença dos pais na vida das crianças.
 
“Eu disse para eles que cuidar das crianças é obrigação de todo mundo. E que isso só funcionar se eles também participarem”.
 
Nos encontros seguintes, falaram sobre as referências paternas, sobre o que sofreram quando crianças e o que reproduzem com seus filhos e esposas, mas não gostariam, entre outros assuntos.
 
A cada atividade, Josiane explicava sobre a importância da construção de vínculos positivos na família, com amor, diálogo, acordos e paciência. 
 

Construindo vínculos positivos

Desde então, mais pais participam. E, segundo as próprias famílias, o clima em casa tem melhorado bastante. “Uma menina de 6 anos, que participa das aulas do centro comunitário, me chamou e disse: ‘tia, eu acho que agora o meu pai gosta de mim. Ele não me chama mais de burra. Ele me abraça’”, lembra.
 
E a cada dia, mais relatos positivos aparecem. As mulheres dizem que os homens deixaram de ser violentos, que querem participar das reuniões na escola e que começaram a cuidar dos filhos, dando mais atenção, pegando no colo, trocando a fralda, entre outros.