Iniciativa mostra meninas líderes

Ações para valorizar o potencial das garotas é foco do Dia da Menina.

Com o objetivo de empoderar meninas para o exercício da cidadania e promover os direitos de crianças e adolescentes, foi realizado nos programas da Aldeias Infantis SOS  Brasil, a ação #meninasocupam, que é uma mobilização organizada pela Plan Internacional e acontece em várias cidades do mundo inteiro. O objetivo é chamar a atenção para o Dia Internacional da Menina, comemorado no dia 11 de outubro. }

A data foi criada pela ONU para alertar para os direitos das meninas e para a necessidade de prevenir o casamento na infância. Na SOS, a ação reuniu mais de 100 meninas.
 
A gestora territorial e articuladora nacional da política de igualdade de gênero da Aldeias Infantis, Michele Mansor, afirmou que encorajar as meninas a participarem do movimento foi algo essencial, principalmente porque é notório que homens e mulheres não desfrutam do mesmo tipo de vivência na sociedade ocidental. “Mulheres ainda não se veem representantes nos espaços de poder”, disse.
 
“Pudemos criar espaços para que essas meninas pudessem ampliar a visão de mundo delas e a visão de onde elas podem ir. É ainda importante mostrar que meninas podem qualquer coisa e que o lugar delas é onde elas querem estar. Foi uma grande oportunidade de troca e de reflexão", falou Michele.
 
Grajaú, Lorena e Rio Bonito – São Paulo
 No bairro do Grajaú, na cidade de São Paulo, foi realizada uma roda de conversa sobre cidadania e liderança, além de confecção de camisetas e cartazes. “As meninas saíram conosco para a estação de trem Grajaú segurando as cartolinas. Elas escreveram frases sobre o tema #meninasocupam”, comentou a educadora social, Dionísia. 
 
Em Lorena, São Paulo, foi realizado no Centro de Juventudes da cidade uma roda de conversa com o tema: “Juntas pelo que nos une”. Para a jovem Maria Eduarda Marques, 16 anos tudo foi importante para o seu crescimento. “Foi muito bom participar, conhecer outras pessoas com pensamentos maduros. Foi bom ouvir as outras garotas e me identificar, participaria muitas outras vezes se tivesse. Ainda representou a união entre nós meninas, mulheres e que juntas somos muito mais fortes, contou. Aconteceram também oficinas de estêncil e vivências corporais. A atividade foi tão importante para o grupo que acontecera mensalmente.
 
A jovem Ariel Gonçalves Vieira, 20 anos, disse que  foi uma experiência incrível. “Como mulher travesti, o meu corpo nunca é reconhecido como de ‘mulher´, segundo os padrões sociais. No #MeninasOcupam foi diferente, me senti acolhida, respeitada, fui ouvida e consegui aprender mais sobre os diversas formas de empoderamento feminino e, sobre meu processo como uma mulher travesti. Os momentos de conversas e dinâmicas me proporcionaram uma evolução pessoal. Me senti parte de um coletivo e não mais excluída. Senti que juntas somos capazes de fazer aquilo que sozinha eu não consigo”, afirmou.
 
Também participaram mulheres adultas que trouxeram experiências paras as crianças e adolescentes presentes na ação, como por exemplo, Gilsimar Augusta Rodrigues, 42 anos que disse: “Pra mim representou o início de um movimento único e pioneiro em nossa cidade. A possibilidade de sermos nós mesmas e juntas umas das outras. Num movimento lindo de troca, partilha e vida”.
 
Para Érica Fernanda da Silva, 25 anos, representou cura. “Através da energia compartilhada, que no ambiente transbordou, me provocou a rever minha história e meus planos, por me sentir fortalecida através da conexão que houve entre todas, que formou um elo”.
 
Heydi Souza Rodrigues, 20 anos enfatizou a união e força das mulheres. “Eu sozinha ando bem, mas com vocês, ando melhor”.  Cecilia Dialogare, 28 anos disse que “foi uma oportunidade de reconexão com a essência feminina. Uma certeza de que juntas podemos desconstruir para reconstruir”.
 
Já no município de Rio Bonito, as meninas ocuparam cargos, da gestão, coordenação e do contador da Aldeias Infantis, onde participaram de reuniões e apresentação do condomínio para uma parceira da empresa Sony e tomaram decisões. 
 
Rodas de conversa - Pernambuco
Em Pernambuco, no programa de Igarassu e Paulista, as atividades aconteceram no Centro Comunitário Vale da Paz de Paulista por meio da equipe de Fortalecimento de Vínculos, ADFC e educadoras, e na sede do Projeto de Empregabilidade.
 
Na cidade de Paulista, duas meninas escolheram ocupar o lugar de líder comunitária e outra, de educadora social, elas prepararam ao longo da semana as atividades para o dia, como uma oficina de construção de jogo da velha artesanal e recepcionaram as outras crianças e famílias, além de organizarem o espaço.

“As meninas falaram de como é importante a atuação dessas pessoas na comunidade e que, mesmo que por um momento, percebem como existem demandas e trabalhos, mas acharam muito prazeroso e gratificante ocupar esse espaço”, afirmou a coordenadora do serviço de fortalecimento de vínculos do programa de Igarassu, Pernambuco, Josiane Silva.
 
Em Igarassu aconteceu uma roda de diálogo referente ao Dia Internacional da Menina. Na ocasião foi realizada uma dinâmica de abertura com o objetivo de integrar o grupo. Com as participantes da atividade em círculo, foi construída uma rede com cordão. Nesse sentido, foi refletido sobre as vivências coletivas e a importância de se multiplicar entre os pares os conteúdos aprendidos. Também foi exibido um painel com fotos de mulheres em espaços de liderança e poder, dentre as quais estavam Malala, Djamila Ribeiro, Maria da Penha, Mariele Franco e MC Soffia. 
 
Já em Araçoiaba, foram desenvolvidos cartazes com frases enfatizando a questão do machismo, a importância do feminismo, empoderamento e protagonismo das meninas.
 
Segurança pública - Paraná
 A ação foi realizada no município de Cianorte, Paraná, na Delegacia da Mulher e na Secretaria de Assistência Social. “Percebi que com esse trabalho, as crianças e adolescentes conseguiram visualizar a importância das profissões como um todo, o quão importante é se tornar alguém que faz a diferença no seio social.

Possivelmente fomentamos mudanças positivas na vida dessas meninas. Agora, elas tiveram um conhecimento do instrumento que visa proteger o indivíduo, assim elas conseguem orientar um cidadão a procurar e lutar por seus direitos, quando observar violações ao direito de outrem”, explicou a assistente social da SOS, Fabiana Alves dos Santos Miyamoto.
 
De acordo com Myamoto, o conhecimento muda a visão de mundo das pessoas, elas passam a enxergar a vida com outra perspectiva. As jovens aprenderam que existe auxílio que pode ser prestado gratuitamente pelos equipamentos de seu próprio município, informações até então, completamente desconhecidas às mesmas.
 
Esporte – Rio de Janeiro
Pensando em todas essas questões, a educadora social Lucienne Cunha da SOS Rio de Janeiro,  decidiu investir em discussões sobre empoderamento e o esporte na vida das meninas. “É um espaço carente de protagonismo feminino, não que não existam profissionais que estão há anos lutando por um lugar ao sol, muito pelo contrário, o que falta é patrocínio e valorização das categorias femininas”, explicou a educadora social, Luciene Cunha.
 
Mas qual seria a melhor opção para ligar os dois temas? O Roller Derby, um esporte popular nos Estados Unidos e exclusivo para mulheres.  A modalidade é basicamente um jogo de contato sobre patins que demanda força, resistência, estratégia e muito espírito de equipe. O jogo consiste em cinco jogadoras de cada time, numa pista oval e com patins quad. Dessas cinco pessoas, uma tem uma estrela no capacete, que é a Jammer. Ganha o time que fizer mais pontos.
 
No jogo também há o conceito de Derby Wife, que uma espécie de madrinha/melhor amiga de todas dentro da liga. Aquela que incentiva a novata a continuar, que cuida dela, que diz onde está errando e pode melhorar.
 
Brasília 
As ações realizadas no bairro de Paranoá, em Brasília tiveram por objetivo a sensibilização e conscientização com o público e foram distribuídos folders com os dados de diversos tipos de violências e preconceito que as meninas enfrentam no dia a dia delas. “Nosso objetivo é zerar”, explicou a psicóloga do programa de acolhimento da SOS, Debora Pascoal. Também foi apresentado um documentário sobre o casamento infantil.