junho 28 2023

Pesquisa inédita sobre condições de vida de crianças e adolescentes em acolhimento é apresentada em Brasília

Evento ocorreu na sede do Conanda e contou com presença do Ministro
de Desenvolvimento Humano e Cidadania 

 

 

A Aldeias Infantis SOS, por meio do Instituto Bem Cuidar, apresentou em 22 de junho, em Brasília (DF), a pesquisa nacional “Vozes (in)escutadas e rompimento de vínculos: pesquisa sobre crianças e adolescentes em cuidados alternativos, egressos/as e risco a perda de cuidado parental no Brasil”. Os dados foram compartilhados durante a Reunião do Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CONANDA) e contou com a presença do Ministro de Desenvolvimento Humano e Cidadania, Silvio Luiz de Almeida

Realizada entre novembro de 2022 e março de 2023, a pesquisa abrangeu todas as regiões do país, incluindo 23 estados, o Distrito Federal e mais de 200 municípios. Foram ouvidos mais de 350 crianças e adolescentes sob a guarda do Estado, acolhidos em casas lares e abrigos públicos e de organizações não governamentais.  

De acordo com os dados levantados, são mais de 32 mil crianças e adolescentes que estão afastados do convívio familiar e que estão em serviços de acolhimento, sendo que mais de 80% estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país. Além disso, verificou-se faixas etárias diversificadas, sendo 25% com idades entre 0 e 5 anos, 27% entre 6 e 11 anos, 44% entre 12 e 17 anos e 5% com 18 anos ou mais. 

“Nosso objetivo com a pesquisa é difundir vozes de crianças e adolescentes em acolhimento, da juventude egressa desses serviços e famílias que estão em situação de risco de perda do cuidado parental, a fim de contribuir e qualificar o sistema de atendimento e os poderes públicos. A pesquisa revelou que muitas das dificuldades enfrentadas pelas famílias vulneráveis no cuidado parental estão relacionadas à ausência de políticas públicas adequadas, fazendo recair uma injusta culpabilização sobre grande parte delas, especialmente econômica”, afirmou José Carlos Sturza de Moraes, coordenador geral do Instituto Bem Cuidar. 

Outro dado que chama atenção é a verificação de que quase 40% dos jovens que foram entrevistados estiveram em situação de acolhimento por mais de 18 meses, período maior que o estabelecido pela legislação brasileira. Dentro desse número, meninos e aqueles que se autodeclararam negros, foram os mais presentes. Observamos que, de todos os entrevistados, 60% viveram em mais de um serviço de acolhimento. 

 

 

O relatório ainda destaca a importância de abordar a saúde mental e o bem-estar dos jovens em serviços de cuidados alternativos. Além dos sintomas emocionais, como tristeza e irritação, que têm impacto direto sobre sua saúde mental, o desempenho escolar também é afetado de maneira preocupante. Mais de 15% dos entrevistados afirmaram apresentar baixo rendimento escolar de maneira constante, o que indica a necessidade de atenção às suas necessidades educacionais. 

A pesquisa identificou que muitos dos adolescentes e crianças desejam voltar a morar com suas famílias ou, pelo menos, retornar ao contato. Esse dado demonstra a importância do núcleo familiar mesmo após o afastamento. 

Também foram ouvidos jovens egressos dos serviços de acolhimento, que apresentam idades maiores a 18 anos. Nesse grupo foi constatada a necessidade urgente de apoio e ação pública no processo de transição e adaptação à vida fora dos serviços de acolhimento

A fim de divulgar esses e outros dados relevantes sobre o tema, a pesquisa será apresentada em diversas cidades ao redor de todo o Brasil. Confira a programação*: 

  

Julho 

12 - Salvador/BA 

25 - Campo Grande/MS 

 

Agosto 

02 - São Paulo/SP 

11 – Maringá/PR 

17 - Belém/PA 

  

Setembro 

05 - Porto Alegre/RS 

  

*Datas sujeitas a alterações 

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