Súper Panas: em parceria com o UNICEF, iniciativa atende crianças e adolescentes refugiadas no Brasil

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, ação de cuidado e proteção é realizada no Pará e no Amazonas.

O mundo tem aproximadamente 272 milhões de migrantes internacionais, segundo dados da Organização Internacional para Migrações (OIM). Por trás deste número há pessoas que tiveram que abandonar o seu lugar de origem pelos mais diversos motivos, sendo pobreza e violência alguns dos principais. Em muitos casos, famílias inteiras são separadas, aumentando ainda mais o drama de um quadro extremo.

Em 20 de junho é celebrado o Dia Mundial dos Refugiados, uma data para conscientizar a todos sobre a situação destas milhares de pessoas que buscam em outros países um recomeço para suas vidas. A data também lembra como, na maior parte dos casos, elas precisam enfrentar diversas formas de preconceitos e dificuldades para se estabelecerem.

Aldeias Infantis SOS Brasil atua no acolhimento e assistência de refugiados desde 2018. Em conjunto com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a organização integra o programa Brasil Sem Fronteiras, com foco no acolhimento e assistência de famílias venezuelanas.

Ao todo, já foram mais de 450 famílias atendidas e encaminhadas para todas as regiões do Brasil, onde elas são recebidas nos programas da organização e contam com o apoio da ONG até alcançarem sua independência.

No fim de 2019, a Aldeias Infantis também firmou uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para a criação dos centros Súper Panas, nos estados do Pará e Amazonas. O programa, que em espanhol quer dizer “super amigos”, é voltado à educação, proteção e desenvolvimento de crianças e adolescentes. A ação atua também na prevenção de violências, abuso e exploração de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Também em parceria com o UNICEF, foram instaladas 2 novas casas lares, uma em Boa Vista e outra em Pacaraima, no estado de Roraima, com capacidade para acolher até 20 crianças e adolescentes venezuelanos que chegam ao Brasil desacompanhados, indocumentados ou que precisem de proteção. Este projeto já acolheu a mais de 60 crianças e adolescentes, desde dezembro de 2018.

Neste contexto extremo de transformações sociais, o Súper Panas atua no sentido de assegurar que a população migrante e em situação de refúgio, em especial, crianças e adolescentes tenham acesso a espaços de recreação, lazer, diversão e aprendizado com segurança e proteção social, e para isso contam com uma equipe altamente capacitada para atender suas necessidades educativas e para identificar situações de violação de direitos.

O Súper Panas também se tornou um espaço de intercâmbio cultural e de conhecimento. A medida que as crianças e adolescentes aprendem um pouco mais sobre a cultura, costumes, valores e normas do Brasil, aprende-se com eles um saber não quantificável: suas histórias, suas descobertas, suas vivências e seus sonhos. O que demonstra que apesar das mudanças impostas pelo contexto da pandemia, o espaço tem alcançado o objetivo de transformar vidas, assegurando dignidade, respeito e humanidade para aqueles sofreram ao ter que deixar seu país, seus entes queridos e suas histórias para que pudessem sobreviver.

Em pouco mais de seis meses, já foram atendidas 11.893 crianças e adolescentes nos 7 espaços Súper Panas em Belém e Manaus. Além disso, mais de 1.600 adultos foram assistidos pela equipe de proteção para orientações e encaminhamentos.

“Este projeto é muito importante para as crianças e adolescentes venezuelanos. Elas têm a oportunidade de acesso à educação não formal nestes espaços. Para além disto, temos ainda dois outros focos de atuação: um para a juventude e outro voltado à proteção das crianças e adolescentes e seus familiares, no que diz respeito a violação de direitos e encaminhamentos às políticas públicas existentes”, afirma Edson Cabral – Coordenador Geral do projeto.

A pandemia da Covid-19 mudou drasticamente a forma que o Súper Panas é realizado, e agravou ainda mais a situação de crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade.

Para evitar a aglomeração de pessoas, as turmas são atendidas em horários alternados, sendo cada uma com um número reduzido de participantes. Apesar dessas dificuldades, o projeto tem sido realizado para continuar assegurando que as crianças e adolescentes tenham um local seguro e capacitado para que elas se desenvolvam.

Para a realização das atividades, contamos com parcerias importantes que nos ajudam a oferecer alimentação de qualidade, roupas, calçados e material de higiene e limpeza, garantindo o atendimento de demandas urgentes das famílias assistidas e permitindo que o projeto alcance patamares elevados na efetivação e garantia de direitos.

“O contexto COVID-19 nos levou a uma ação mais intensiva no sentido de assegurar proteção e mitigar violações de direito ao público atendido. A Aldeias Infantis elaborou um Protocolo para atuação das equipes e o atendimento dos nossos beneficiários, visando a proteção diante deste cenário. Os desafios são muitos, mas estamos buscando criar um entorno seguro e protetor para darmos continuidade às nossas atividades, respeitando todas a orientações oficiais e com o apoio de vários parceiros”, completa Edson.

 

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