24 de agosto é Dia da Infância

Data promove reflexão sobre a condição de vida das crianças de todo o mundo.

Nesta quarta-feira (24/08) comemoramos o Dia da Infância. A data foi criada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para promover uma reflexão sobre a condição de vida das crianças de todo o mundo, incluindo questões sociais, econômicas e educacionais. A ideia também é chamar a atenção para temas que constam na Declaração Universal dos Direitos da Criança, como o acesso a direitos básicos como alimentação, saúde, lazer, liberdade e ambiente familiar e de sociedade.

Dentro desses preceitos de respeitar as demandas específicas de crianças e adolescentes, a gestora nacional da Aldeias Infantis SOS Brasil, Sandra Greco destaca, na entrevista a seguir, a importância de fortalecer a família e a implementação de políticas públicas para que os “pequenos e pequenas” possam ter o direito de se tornarem adultos saudáveis e autônomos.

A SOS acredita que toda a criança merece uma infância feliz. O que isso significa na prática?
Para nós é o período em que as crianças têm o direito a uma infância feliz, o direito de brincar, de ter todas as suas potencialidades desenvolvidas e mais que tudo: crescer e se desenvolver em um ambiente seguro, com muito afeto e amor. Por isso é fundamental essa relação com os adultos que a cercam, que são as suas referências.
 

Por que o papel da família é tão importante no desenvolvimento da criança?
A família é importante porque representa para a criança seu porto seguro, os responsáveis são  as referências de cuidados, desenvolvimento e de apoio em todas as questões. O entorno seguro é constituído por esse núcleo familiar, que pode ter diferentes composições.
 

Qual é o impacto do fortalecimento familiar nesse desenvolvimento?
Uma criança que vive em um ambiente muito negativo, que não possibilita um desenvolvimento, fatalmente ela se tornará um adulto inseguro e que praticará as vivências que teve na infância, reproduzindo comportamentos. Então é importante que ela tenha não só no núcleo familiar seguro, mas que ela tenha referências e bons exemplos para que a vida dela seja uma vida saudável, no sentido de se tornar um adulto centrado e feliz. Porque é por isso que estamos aqui, para sermos felizes, não é verdade?
 

O que políticas públicas voltadas a famílias devem focar para minimizar fatores prejudiciais ao bem-estar da criança, especialmente aquela em situação de vulnerabilidade?
Devem focar em fortalecê-las, porque, hoje, infelizmente, fatores econômicos têm sido responsáveis pela separação familiar, ao criar situações de vulnerabilidade, especialmente negligência. Políticas públicas de Estado podem dar um norte para essas famílias, com foco na quebra do ciclo de pobreza e fortalecimento de vínculos.
 

A SOS tem práticas que podem se tornar políticas públicas?
Sim e é nisso que nós apostamos, no impacto e resultados que nós conseguimos obter com os projetos. Um exemplo disso é o trabalho feito em parceria com o governo municipal de Campinas, em São Paulo.

Trabalhamos com adolescentes que se tornam mães e foram expulsas de casa, não tem apoio do pai da criança ou as duas situações juntas. Em nosso projeto, elas aprendem sobre a maternidade, o cuidado e toda a proteção que devem dar à criança. Nós, enfim, as ajudamos a se tornar mães.

Por outro lado, elas contam conosco também para deixar os filhos enquanto voltam a estudar e ter qualificações para trabalho e geração de renda.
 

Você tem exemplos de políticas públicas que estão cumprindo esse papel, no Brasil?
Sim, um exemplo disso é o acesso à educação infantil e a creche, que são assegurados pela nossa Constituição e as Leis Orgânicas dos Municípios. Quando um município investe na primeira infância e traz para as mães trabalhadoras essa possibilidade de colocar seus filhos em um local seguro, como uma creche de educação infantil, sabendo que seu filho está sendo bem alimentado e cuidado. Só aí é que elas terão oportunidades para buscar recursos para manter a suas famílias e trabalhar descansadas. A questão é universalizar o acesso, o que ainda não ocorreu.
 

Você acha que a nossa sociedade valoriza a família como fonte fundamental ao desenvolvimento infantil?
Eu acho que nós vivemos em um tempo em que as pessoas estão voltando a fazer essa reflexão de como é importante valorizar as questões morais, éticas e também o tempo. Hoje, é importante não a quantidade de tempo que você fica com o seu filho, mas a qualidade que você dedica a ele.

Porque é fácil chegar em casa, ligar a televisão e deixar o filho assistindo. Mas começamos a perceber o quanto isso é danoso e não contribui para a consolidação de vínculos de amor e afeto, fundamentais para o desenvolvimento da criança. Temos que lembrar que quem ama cuida.
 
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